terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um Viva aos "Pais do Povo"

“Luciano Hulk dá, ele ajuda quem precisa” disse uma aluna de Jornalismo do segundo semestre da UniJorge. Muito lamentável essa afirmação tão parva, principalmente vinda de uma aluna de Comunicação Social. Embora o apresentador afirme, não constantemente, que por trás de sua “ajuda” estão os patrocinadores, sua imagem heroína não foge às regras de um programa bem estruturado que consegue atingir diferenciadas camadas sociais.

Então, vamos às comparações: “ele não é que nem Bocão, que faz socialismo barato!”- ainda a mesma menina. Enquanto José Eduardo (Bocão) tem como patrocinadores “Super Cálcio D”, “Supermemo” (dá tampinha verde, viu?) entre outros medicamentos milagrosos, Luciano Hulk tem a Dafra, Casas Bahia e outras grandes empresas. Portanto, a única diferença entre os dois são os mega patrocinadores (que um tem e o outro não) a fim de ter o seu slogan divulgado no programa. Quando pensamos em “socialismo barato” nos vem à mente aquele conjunto de indivíduos classe baixa chorando e berrando “eu te amo Zé, vem lapear no meu bairro!” ao invés de um garotinho aprendendo a tocar numa grande orquestra de metais para ter o seu “buguinho” reformado no quadro “Latinha Velha”, como foi mostrado no especial dia das crianças deste ano. Caldeirão do Hulk tem em sua estrutura uma equipe bem intencionada aos pontos do IBOPE e fazem por merecer. O programa provoca além de emoção ao público, educação, entretenimento e esperança já que sem as histórias comoventes dos participantes dos quadros, de nada seria. Contudo, do ponto de vista psicoemocional do brasileiro tendencioso a heroísmo, isso não é nada bom. Enquanto soteropolitanos carentes sonham em um dia receber, assim, de graça, 1000,00 na “Lapeada” do Bocão, o Brasil imagina o dia em que poderá ter a sua casa inteiramente reformada no “Lar Doce Lar” do Luciano Hulk que não tem a imagem de “Pai do Povo” ao contrário de Zé Eduardo.

Uma boa direção e emissora são tudo para um programa de “Socialismo Barato” fazer sucesso entre as classes, a exemplo de Big Brother Brasil, O Aprendiz, Troca de Família, ídolos e os extintos No Limite e Casa dos Artistas. Até mesmo esses shows beneficentes como “Criança Esperança” e “Teleton” estão envolvidos com o tal “socialismo barato”. Todos eles precisam tirar do anonimato histórias comoventes, divertidas, inusitadas, enfim, para que o público se veja na TV e desvirtue suas atenções ao que verdadeiramente importa como, por exemplo, o fato de os componentes de nosso sistema político serem nossos empregados e não o contrário.

Esses programas “divertidos”, sejam “maquiados” de educação ou desgraça alheia, só direciona o anseio de mudança do telespectador para soluções milagrosas e imediatas assim, os “pais do povo” nos abençoam com suas graças e claro, com o “seu” dinheiro.

5 comentários:

Luana Marinho Nogueira disse...

rs

ainda posso lembrar dessas palavras
proferidas na sala. Olhei logo
pra vc pq sabia qual era a sua
opinião a respeito.
Concordo com vc,
"muda-se a maquiagem, mas
a cara é a mesma".
Todos fazem o mesmo, como
vc mesma diz "Socialismo barato"

obs: amei seu comentário no meu blog! =)

Alter Ego disse...

É aquilo, né? O povo brasileiro cansado de tomar na cara e 'nada' conseguir, ou ter tão pouco, mínimo do muito que se precisa, vê nesses "grandões" a solução mais viável e fácil para seus problemas. É complicado, a gente ouve coisas do tipo "pelo menos ajuda", mas será que eles "ajudariam" da mesma forma, se por trás não reembolsassem o que eles "gastaram"? É uma troca dos grandões e a massa, onde o segundo sujeito ou não enxerga ou finge não ver o que passa diante dos seus olhos.

Não sabia que você tinha mudado para o blogspot, vou adicionar aos meus favoritos lá
beijos.

Val Benvindo disse...

lembro desse dia sim !
apesar de todos os pesares foi uma discussão legal .. !
gostei do seu texto, mesmo não concordando com tudo. =)
ahh! obrigada pelo comentário no meu blog, fico feliz pela sua admiraçã. (:

Lucas Franco disse...

Se tratando de relações inter pessoais, devemos saber em quem se confia ao receber um afeto, mas se tratando de negócios, programas de TV lidam com cifras para, acima de tudo, enriquecer os empresários, e essas verbas vem dos anunciantes, que fazem o programa continuar funcionando com a sua 'filantropia' ao mesmo tempo que atrai mais pessoas para sua programação. Não tenho nada contra premiações em troca de audiência se a exploração não for tão humilhante, pois acho justo um convidado num quadro educativo lutar para ganhar o prêmio, o que é deprimente é explorar a imagem de um sofredor por uma semana inteira e só depois de ter sua imagem totalmente saturada, oferecer um prêmio (sendo que poderia-se não expor ao ridículo esta, e sim fazer alguma atividade recreativa).

Andressa Pacheco disse...

Olá!

Sabe, acho q ai n vem tanto ao caso de ser o Luciano,ou qualquer outro, afinal ele é o apresentador do programa. Acontece claro que muita gente acaba criando essa imagem em torno dele, da mesma forma que acontece com o Renato Aragão, por ex.
Seria quase o mesmo de associar as atitudes de um personagem ao ator.

De fato, a colocação da menina foi "nada a ver".

Eu tb sou de Salvador!

Abraços