Seilá o conceito de amizade. Só sei que com o tempo elas vão e vêm.
Muitos excluem aqueles que não servem mais, sabe? Aqueles... Que já não falam com tanta freqüência, que somem. Mas ninguém liga se o destino traçou caminhos diferentes. Simplesmente o fato de excluir tal alguém de um site idiota de relacionamento, significa dizer: “acabou, você não é mais o meu amigo”.
Só que desde pequena, eu não sei lidar nem um pouco com isso, aliás, creio que nenhum ser humano sabe. Lidar com as perdas é difícil, para uns é mais fácil, pra outros como eu, não. Afinal, nunca perdi nada... Isso para mim é novidade.
A porra da maturidade parece que chega de uma vez só e arranca-me do peito “coisas” que eu considerava importante e justamente em um tempo de turbilhão de afazeres acadêmicos. Não dá pra pensar que tenho de escrever um artigo, imprimir um jornal, entregar uma matéria, entrevistar um padre, uma taróloga, barraqueiros de praia, diagramar outro jornal e um tanto de coisas ao mesmo tempo em que fulaninho resolveu que nossa amizade acabou porque eu não sou mais presente.
Às vezes tenho vontade de rir. E eu ri. Ri muito! E depois veio o nó, aquele nó. Depois veio a indiferença e o “foda-se” e depois, a preparação para acostumar-se a ausência definitiva do(s) fulaninho(s) e ensaiar aquele encontro na rua. Aquele “ooiiii” e o abraço, e o pulinho no pescoço? Ele não pode faltar. Aí vêm as conversas, as lembranças, e todos percebem como era bom estarem juntos, mas as múltiplas faces alternativas, undergrounds e os etc. não permitem uma reaproximação. A verdade, é que como disse uma amiga minha, não dá pra haver uma união eterna.
Mas eu discordo, porque entre tantos conceitos de amizade, o meu, é bem simples: eu-não-excluo-ninguém. Nem os meus inimigos. Um dia, eu precisarei de todos vocês. E eu, sempre estarei aqui. Sempre. Sempre saudosista, sempre revoltadinha, sempre trocando de roupa.
Excluir alguém da vida, considero algo muito radical e desnecessário. Um radicalismo altamente desnecessário, mas quer saber? É a decisão de cada um que conta, é o estar bem que vale a pena e eu não forçarei a barra pra ser aceita em lugar nenhum, nunca precisei. Nunca fui auto-suficiente e não acredito na auto-suficiência. O que existe mesmo por aí, é carência de atenção ou talvez de bajulação.
Amigo para mim é da família. Eles entram na minha casa, abrem a minha geladeira, deitam na minha cama, peidam na minha frente, fazem comida no meu fogão, dormem ao meu lado (às vezes até de conchinha), são aprovados pelos meus cães, cagam no meu banheiro, tomam banho nele e por vezes ficam pela casa sem falar nada, só ocupando espaço, apenas... Sendo alguém. E tudo isso, claro, não é todo dia, não são todos os meses, não são todos os anos.