Sabe quando você morre de raiva na fila do cinema porque sabe que perderá os minutos iniciais do filme? Pois é, aconteceu isso comigo ontem. Entrei numa sala de cinema com 4 min de filme e para variar, a sala estava surpreendentemente lotada de forma que só me restaram as primeiras fileiras.
Depois de tentar todas as formas para me acomodar diante da tela super grande, e acostumar os olhos a ir de um lado a outro e ainda dá uma rápida olhada nas expressões dos atores e no ambiente em que contracenavam, um bebê, muito feio, acabara de nascer diante de mim. Sua mãe jazia na cama e seu pai o tomou pelos braços apavorado e rapidamente o abandonou com uns maços de dinheiro numa porta de um abrigo para idosos. Pronto, estes foram os momentos iniciais do filme que me prenderam de uma forma tão instigante que não tive uma dorzinha de cabeça sequer, muito menos no pescoço.
Benjamim Button (Brad Pitt) nasceu em torno de 1918 com aparência e doenças de uma pessoa de 80 anos. Foi abandonado em frente a um abrigo de idosos dirigido por Queenie (Taraji P. Henson), uma jovem negra que por ter dificuldades para engravidar, sensibilizou-se com o pequeno Benjamim e o tomou nos braços disposta a criá-lo, o menino cresceu convivendo com pessoas aparentemente da mesma idade.
Mas na verdade, enquanto todos do abrigo faleciam, ou vivia com dificuldade, Benjamim aparentava cada dia rejuvenescer, e então, ao invés de seguir o ciclo “normal” da vida, ele ficava mais ativo e mais vívido como nunca estivera desde o seu nascimento. E assim, como todos os normais, Benjamim passou por todas as fases da vida, e nem por isso deixou de nascer, crescer, amadurecer, apaixonar-se, ter um filho e por fim, morrer; ainda que tenha falecido com alguns meses de vida.
O curioso caso de Benjamim Button, nos diz de forma implacável que não adianta nascermos de “trás para frente” ou de qualquer outro modo que possa ser curioso. O filme é categórico, arrebatador e emocionante; não temos para onde correr: “podemos brigar, xingar, ficar insatisfeitos com o rumo das coisas, mas no fim, temos de aceitar” é o que diz um dos personagens do filme recheado de criaturas peculiares, Capitão Mike.
A trama é repleta de passagens interessantes, fotografias, música e dança. Um filme como há muito tempo eu não via, completamente balanceado em humor, romance e drama; perfeito.