domingo, 24 de agosto de 2008

Babel, O Filme



Na tentativa de explicar os diferentes idiomas existentes na humanidade, povos antigos atribuíram essa diversidade à torre de Babel – um mito que segundo o Antigo testamento, os descendentes de Noé construíram na Babilônia uma torre tão alta que pudesse alcançar o céu. Tal soberba provocou a ira de Deus que para puni-los, confundiu-lhes os idiomas e expandiu por toda a terra. No filme “Babel” de Alejandro González-Iñárritu, os personagens de Brad Pitt e Cate Blanchett lutam contra esse problema e tantas outras adversidades culturais quando uma lamentável intempérie acontece.

Susan e Richard estão viajando pelo Marrocos em um ônibus de turismo quando de repente um tiro é disparado contra Susan. Ninguém sabe de onde veio ou porque veio. Desesperado, Richard pede para que parem o ônibus; sua mulher sangra descontroladamente e ele teme perdê-la. Seguindo os conselhos do guia turístico eles a levam para uma pequena casa em uma vila no meio do deserto e esperam por socorro. Depois de muitos telefonemas, a embaixada estadunidense revela que não será possível a vinda de uma ambulância marroquina por suspeita de um ataque terrorista, somente um helicóptero direto dos EUA, e este iria demorar. Cedendo à situação desesperadora em que se encontravam, Richard entregou sua mulher nas mãos de um veterinário da região que esterilizou uma agulha com um isqueiro e costurou o ferimento para que sua esposa parasse de sangrar, senão iria morrer.

Perdidos no meio do nada, enfrentando as caras mal humoradas dos passageiros do ônibus (que não esperaram muito tempo e logo foram embora) com apenas uma pessoa que falasse inglês, foi possível a compreensão de um sentimento mútuo entre “gringos” e marroquinos. Através do olhar e energia, Susan teve força necessária para sobreviver cada minuto de dor e esperança, ainda que algumas vezes se demonstrasse arredia a qualquer estranho que a tocasse ou tentasse lhe ajudar.

Mas o filme não pára por aí, todo esse sofrimento é provocado por um “efeito dominó” que se mostra em um tempo não cronológico: um ex-caçador japonês deu sua arma a um marroquino, que a vendeu para um conhecido da região, que entregou aos seus filhos (ainda crianças), para estes matarem os chacais que costumavam comer suas cabras. Numa brincadeira de descobrir até quantos Km alcançava o disparo da arma, os garotos atiraram contra um ônibus de turismo que passava na estrada. Dias após, descobriram por boatos que tinham “matado” uma americana.

O ex-caçador tem uma filha surda-muda que sofre com a exclusão social em sua adolescência. O marroquino que comprou a arma tem filhos incestuosos e os filhos de Susan e Richard passam por maus bocados nas mãos da babá mexicana e residente ilegal nos EUA, Amelia, personagem de Adriana Barraza.

O enredo decorre pelo eixo sócio-cultural com ênfase em Marrocos, Estados Unidos e México. Questões como viver em um país ilegalmente, terrorismo e pré-conceito são o tempero desse Filme imperdível.

Essa trama nos faz pensar se não foram as diferentes línguas (as quais não sabemos ao certo suas origens) que distanciaram as mais distintas raças no mundo inteiro, ao mesmo tempo em que nos compreende o fato de independentemente disso, todos somos iguais. E na hora da precisão, do aperto, do desespero... O entendimento de algo abstrato é recíproco quando há laços invisíveis que nos une à uma única razão.


Um comentário:

Anônimo disse...

Tá mara! Vou ver o filme só por causa da resenha. =)