segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Daqui a uns anos...


Outro dia meu namorado estava aqui em casa e no ápice do tédio resolvi mostrar meus álbuns antigos de quando eu era um bebê, incluindo aqueles com fotos cor de sépia da família coisa e tal... E fiquei imaginando como seria esse mesmo ato com os meus filhos ou netos, bisnetos...

Hoje temos a mania de fazer back-up no PC e arquivar tudo num CD-R. Se esses CD’S sobreviverem até uns vinte anos, é bem possível que o (s) meu (s) filho (s) pegue-os pra futucar o que tem dentro, assim como eu futucava (e futuco até hoje) o guarda-roupa de meus pais. Não sei porque, mas filhos têm verdadeira fascinação pelos quartos dos pais, e claro, pra nós meninas, as bolsas e os sapatos das mães. E são sempre nessas empreitadas aventurescas com direito a cadeira ou escada pra escalar todos os móveis da casa, que nossos filhos ou netos, irão encontrar aqueles CD’s antigos onde estarão as nossas fotos, vídeos, músicas e tudo aquilo que represente nossa personalidade juvenil do período de 2001 até quando você se permitir “adultecer”.

Pensando bem, o CD-R já está mais pra lá do que pra cá. Então, imaginem comigo: os pimpolhos escalando o nosso armário e de repente, encontra dentro de uma bolsa antiga, aquele mp4 onde arquivávamos trabalhos da Faculdade e algumas fotos que prometemos durante anos passar para outro lugar, e acabaram esquecidas por lá. “Humm... o que é isso? Será que é aquilo que chamavam de mp3?! Não acredito que mamãe ainda tem isso guardado, xô ver se essa porra treco ainda funciona” e lá vai a curiosidade à flor da pele procurar a entrada antiga, aquela que hoje chamamos de “2.0”, e igualzinho a nós, quando sentamos no chão e abrimos com cuidado as páginas de um álbum antigo, desfrutam as histórias que as imagens têm para contar.

E lá vai o (a) moleque (a)... “Olhaa como o papai era feio e cheio de espinhas na cara, eca! E mamãe?! Meu deus o que é isso?! Ela era roqueirinha rebelde e hoje me enche o saco pra eu baixar o som! Aaaahn... então essa que é a tal Jully, a Dálmata do vovô... óóóhhnn que fotinha linda essa de Belinha... até hoje minha mãe fala delas... Êpa! Que porra é essa? Minha mãe é doida mesmo... de roqueira já virou piriguete*! Aff* Já meu pai não muda nunca! Sempre de preto tirado a metaleiro, que coisa ultrapassada rsrsrsrs”

Aí de repente você chega, e ele (a) corre pra tirar a “versão antiga do mp3” a tempo de escondê-lo no bolso, o que é uma vantagem, porque em nosso tempo tínhamos de nos livrar da escada/cadeira, guardar tudo e ainda fazer cara de paisagem.

E se o Orkut sobreviver também até lá? Bom, eu lhes aconselho a apagar todos os scraps pra depois não ter que ditar “faça o que eu digo, não faça o que dizem nos meus scraps.”

E quando for a vez deles de mostrar pro namorado (a) o seu álbum de quando era um bebê? Talvez assim: “Aaah... tenho que te mostrar uma coisa, péra que vou buscar o meu álbum de quando era bebê... ah! Ta aqui... não é fofo esse mp199.368.459 rosinha? Hihihihi”.

De qualquer forma, penso que a magia de se abrir um álbum velho, não será a mesma coisa de sentar-se na cadeira do PC e passar as páginas do visualizador de imagens do Windows ou de um mpnúmeroqualquer, então, tomarei bastante cuidado com essas coleções familiares encadernadas num plástico de odor hipnotizante o qual eu chamo carinhosamente de “cheirinho de passado”.

piriguete* = Sabe-se lá o termo que usarão daqui a vinte anos pra definir uma “piriguete”. (lembrando que eu não sou uma, apenas minha filha imaginária que é muito liberta ¬¬’)

Aff* = Idem acima.



3 comentários:

Anônimo disse...

texto triste e legal. Os filhos olharem pros nossos bichinhos que chamamos carinhosamente de filhos, e verem e falarem " como vcs se apegaram tanto? ". OU um deles futucar no meu bau de cds originais... São coisas que serão engraçadas pra alguns ehhehe
oh futuro é algo " legal ". Depende de como se ver.

Anônimo disse...

Massa seu texto, como sempre! ^^
Pensei bem: ainda bem que você
deletou, mesmo sem querer, aquelas
provas que guardava contra mim... Seu filho poderia mostrar pra minha filha e acabar com minha reputação... hehehehe
=**

Alter Ego disse...

Às vezes é tão estranho pensar sobre como vai ser o amanhã, saber que daqui há uns anos seremos os "mais velhos" da pirâmide...e o novo (que em segundos fica velho) será mais ultrapassado ainda. Mas em outras vezes eu já consigo enxergar isso agora, nesse exato momento, quando me viro para trás e tento lembrar da infância, por exemplo, tempos bons que não voltam nunca mais e de como meu rosto se modifica ao passar dos dias...que saber? Tento aproveitar ao máximo cada fase da minha vida, pra cedo ou tarde não me arrepender do que eu fiz. =] Gostei do texto, para refletir mesmo.

Cara, eu tive que cancelar a matrícula por uns problemas aí, mas tô fazendo o vestibular outra vez nesse domingo, espero passar para poder retornar no semestre que vem. Como andam as coisas por lá? Saudade de todos. Beijão.