domingo, 2 de novembro de 2008

Agora é obrigatório dar obrigados

Não sei quem inventou essa história de agradecer ao motorista do ônibus pela corrida já que ele não faz mais que sua obrigação.

Histórias de “buzu” são o que não me falta: roçadinhas ozadas em dias de lotação, trazeiradas com cobradores insensíveis, gordas imensas derrubando todo mundo, feirantes e suas trocentas verduras no meio do caminho (isso quando não é peixe... Blergh!), crianças melequentas no colo das mães, enfim, posso assegurar que se vê de tudo em um ônibus e no fundo até me divirto. Mas essa história de ser obrigado a agradecer é no mínimo irritante. Uma coisa é por vias circunstanciais, o motorista parar fora do ponto ou lhe deixar em algum lugar que não é ponto e no fim, você agradecer ou até mesmo se for de sua vontade, não tenho nada contra... Só que Salvador parece que determinou uma lei mútua de dizer “valeu motô” todas as vezes.

Sistematicamente falando, o “normal” é pagarmos (e muito caro) para que o dito cujo nos leve ao nosso destino, e só! Ainda que por vezes eu me divirta, devo confessar que é com a discórdia alheia e não a minha (e aposto como o “vice-versa” entra aqui) sofremos todo tipo de humilhação lá dentro. Ora, quem nunca saiu cheirosinho de casa, e chegou podre no trabalho?

Tudo bem, motorista não é de todo culpado, entretanto essa coisa de agradecimento está lhes subindo às cabeças. Outro dia peguei um ônibus Cidade Nova e quando desci ouvi um irônico “de nada”. Como estava com os fones no ouvido, deixei pra lá por achar loucura demais, só que ouvi um buzina insistente atrás de mim e como só eu havia descido, pensei que tivesse caído algo no chão... Sei lá, olhei pra trás e não acreditei: o idiot... motorista estava me olhando com uma cara irritadíssima! Eu não sabia se ria ou se abria a boca de espanto. Na semana anterior a esta, peguei um Boca do Rio pra visitar meu namorado e agora eles estão com a mania insuportável de não parar mais no último ponto do final de linha. Pra não me irritar, enfiei os fones no ouvido (uma tática ótima anti-irritação) e fui descer quando escutei alguma merd... “coisa”, vinda do motorista, tirei o fone e perguntei “como?” e ele disse “dizer bom dia e obrigado não cai a boca”. Veja bem (quando começa com “veja bem” já sabe né?) percebi um leve tom de sadismo regado a ousadia em seus olhos, boca e tom de voz. Saquei na hora que de mim, ele não queria só bons dias e obrigados. Dei um sorriso amarelo e fui embora. Esses "tipinhos" que se acham donos das vias de Salvador merecem uns bons tapas isso sim.

Será que as palavrinhas mágicas estão virando moda na cidade? É absurdamente incrível como essa linguagem tomou conta do coletivo! É bonitinho, só que não deve ser obrigatório. É uma questão de lógica já que estes veículos nos pertencem e para independermos desses profissionais inadequados, basta uma ou duas denúncias pra reciclagem ou expulsão. Tudo bem, é sonhar demais que a empresa se responsabilize por estes “casinhos” entre motoristas e passageiros. Ok, Que se dane então... Continuarei dando meus bons dias e obrigados a quem realmente mereça.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esses casos são horríveis, pois ele acha que devemos favor a ele, quando ele não faz mais que sua obrigação. Essa do da boca do rio é podre, quando acontecer comigo eu vou denunciar.

maria e as baleias disse...

hauhauahau
adorei


eu falo 'obrigada, bom dia' pq pego o mesmo onibus todos os dias há... deixa eu ver... uns nove meses e meio, então já me sinto meio bf da cobradora e do motorista (e de todo mundo que também pega o mesmo ônibus e desce na católica). mas também sempre fico pensando quem foi que inventou essa. eu gosto de desejar bom dia pros caras, mas se vc não falar 'obrigado' eles nem olham na sua cara!



po, vc não tinha me falado que mudou pro blogspot :( por isso nunca mais tinha entrado! ficava esperando o wordpress atualizar :~

;* ta favoritada de novo