sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Confissões de alguém que está por fora

É foda estar na final, e o mais foda, é ter que acordar de manha cedo pra estudar. Como tenho dificuldade de permanecer concentrada por muito tempo (assim como memorizar a diferença entre direita e esquerda, além de medidas como 1/4, 1/5, 1/6, etc. de alguma coisa) [é, trata-se de uma falha disléxica] leio algumas páginas, faço anotações e ligo a TV pra distrair.

E justamente nesta manhã, coloquei no canal 77 que passa clipes 24h o qual no momento, era um de Bjork. Não é à toa que estou na comunidade “minha imaginação é foda”. Comecei a pensar que, desde a minha adolescência, eu fui uma farsa. Sim porque, eu ouvia Bjork mas, nunca, nunca mesmo, conseguir sentir o âmago desta mulher. Algo nela me atraía e ao mesmo tempo me fazia odiá-la (em segredo pra não ser excluída do grupo de poucos amigos que tinha) porque eu não conseguia compreendê-la. Confesso: sempre achei Bjork um cú. A voz dela ao vivo é um cú, os instrumentos e notas sem sentidos são um cú e puta que pariu, os clipes são um cú maior ainda!

Mas eu tentava, sorria e dizia para todos: “nossa, Bjork é tão legal, tão profunda”. Porra Terena, profunda em que? Você sequer sabia do que ela restava falando. Só que vim me dá conta disso muito tarde. O que sentia quando ouvia, era uma agonia, às vezes angústia, às vezes fossa, seilá. É que nós, seres humanos, passamos a ser mais racionais do que animais. Naquela época eu só sentia vibrações do que ela podia estar passando através de suas músicas, nada além disso, juro. Tá, confesso que até hoje escuto uma ou outra música, mas ainda sou uma completa amorfa em relação à ela. E não só a ela! A tudo.

Até hoje, eu não sei o que é indie, emo, alternativo, underground e... Alguém pode me dizer o que significa o termo tudo junto “beijosmeliga”? E o que é “blasé”? Essas influências são uma incógnita para mim. É aquela coisa: ouvia para não ser exclusa.

Só que depois de uns dois anos, eu parei com essa idiotice e resolvi assumi de vez que não tenho nenhum estilo musical e nenhum estilo pessoal, é, eu não sei o que eu sou. O que toca eu danço, o que me faz dançar eu curto, e fica por aí. Mas esse meu jeito assusta. Muita gente pensar que eu sou “do mal”, outras pensam que eu sou funkeira e outras, “baixo astral”. Porque sim, eu curto de tudo, tudo um pouco mesmo. Já acharam “derê”, aquela música de buteco cantada por Belo, Palavra Cantada e Gaiola das Popozudas misturada à Adriana Calcanhoto, Nando Reis, Ozzy Osbourne, Chico Buarque e James Blunt. E eu juro que não vejo nada de anormal nisso.

E o bom é que muita gente já não vê anormalidade nisso! Já conheci diversas pessoas com esse “estilo” musical e como eu, são muito felizes. Realmente não entendo porque se privar do que o corpo responde, do que o corpo sente gostar, por conta de uns estereótipos idiotas que persistem em determinar o certo e o errado. Já assisti tantas vezes a mesma cena... Alguém que se diz assim ou assado e na hora que o pagodão toca, com meio copo de cerveja, já ta no meio da galera ralando coisas no asfalto... Porra, não tô dizendo que não são músicas de baixo calão e má qualidade, sim elas são. Mas não se deve condenar alguém por gostar disso, deve? Lógico que não.

O mundo está infestado de pessoas falsas. É, pessoas que dizem gostar de uma coisa, e na frente do espelho, dança outras, quiçá no palco da vida, dança coisas que não assume também. O cotidiano está cheio de coisas assim, de papéis distribuídos, de gente tentando gravar o seu texto pra representar bem frente às câmeras oculares. E o mais irônico é que estes são os primeiros a dizer que, por exemplo, curtir música pop é ser manipulado pela mídia sendo que de diferentes ou bem, “alternativos”, não têm nada.

Chega de fingir gostar de Bjork e que entende esses termos pseudo-intelectuais. Vai ter um dia que essas tribos falarão um dialeto só deles e ninguém mais os entenderá, e por isso, ninguém mais vai querer saber de onde eles vêm, pra onde querem ir, e porque se vestem e falam diferente.

Assim como eu, que há tempos já desisti de saber o que Bjork pretende com aquelas roupas, aquela voz de taquara berrante e aqueles clipes psicodélicos estilo arte de porra nenhuma; com todo o respeito aos fãs.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bom saber que tem mais alguem que acha Bjork uma merda em todos os sentidos. uhauheuaheuea
É foda isso de ficar se privando, eu mesmo uma vez Barbara chegou e falou " você é corajoso de colocar que gosta de calcinha preta e logo em cima ter Iron Maiden ".
Pow eu gosto pra porra do Iron, mas também gosto pra porra da Calcinha, quem me ver pensa " esse cara tem todos os cds do iron no pc " ERRADISSIMO, eu tenho todos os de calcinha, mas n tenho todos os deles. heheheh

Talvez as pessoas tenham vergonha de assumir os gostos, pra não rolar exclusão dos "grupinhos de amigos". Tenho sorte dos meus não ligarem, pq eu falo " gosto de calcinha preta, danço forró[tento] e outras coisas " so zoam comigo mas nada demais.

Carol Guedes disse...

Rapaz.... tem 300 anos que num leio blog nenhum (inclusive o meu... rsrs) Se rebelou total... eu nem sei quem é Bjork hehehe Mas concordo com você... tudo bem, pagode, arrocha, Calcinha Preta e afins num rola comigo não, mas não por preconceito ou sei lá o que... mas meus ouvidos são um pouco chatinhos... hehe Mas é, também tenho gosto musical variado... Greenday é emo, e eu gosto de When September Ends e outras musiquetas emos, nem por isso sou EMO ou gosto do estilo EMO... e assim por diante, eu gosto é de música hehehe

Carol Guedes disse...

acho que meu blog é melhor do que Baigon... rsrs incrivelmente hoje elas desapareceram... fenômeno paranormal rsrs

maria e as baleias disse...


saramago é divino. tb achei que ensaio sobre a cegueira havia sido o melhor qndo terminei de ler - alias, cada vez que lia um lia de saramago achava que era o melhor. ^^"
mas garcia marqus o deixa no chinelo ;D

;*