domingo, 8 de março de 2009

Não entendi Oo'

Mentira, eu entendi sim.

Todos os domingos, o Fantástico (Globo) e o Domingo Espetacular (Record) investem em matérias sobre cães. Sabemos que ambos teem em comum o mesmo estilo de apresentação e conteúdo, portanto, cada vez mais as reportagens animalescas se assemelham como, por exemplo, neste domingo 8/03, que o tema culminante foi a rebeldia dos pets e a falta de imposição de seus donos.

Particularmente apreciei mais a matéria do Domingo Espetacular porque trouxe ao público a história de uma família brasileira, ao contrário do fantástico. Além do mais, os métodos do “Dr. Pet” eram muito mais brandos e envolviam carinho e amor, já os doutores sei-la-o-quê do Fantástico, utilizavam o susto e o medo para corrigir os erros cometidos pelo animal.

É óbvio o fato de que os cães foram metarmorfoseados ao nosso bel prazer. Ao longo dos anos foram modificados, reduzidos, esticados, treinados e classificados para cada tipo de personalidade humana. Hoje existem exemplares para apartamentos, chácaras, sítios, casa, em fim, todo o tipo de moradia, gostos e donos. Porém, as conseqüências não puderam ser controladas visto que as populações de cachorros morando nas ruas, em sua maioria SRD (sem raça definida), o famoso vira-lata, crescem a cada ano.

Aprendemos a conviver com verdadeiros lobos, carnívoros, vorazes, mundanos e extremamente domesticáveis. Como pode tanta anti-sociabilidade ser suprimida ao ponto de se tornarem com um pouco de amor, tão amigos dos humanos? A minha teoria é de que nós amamos e compartilhamos, e é o ato de compartilhar, que atrai esses seres para nossas casas. Só que morando conosco, as diferenças habituais cães x humanos, somada á falta de comunicação, pode transtornar a paz de um lar antes organizado e limpo, em uma balbúrdia perigosa.

Então, uma historinha ali, um livro publicado cá, um filme produzido lá, trouxe ao ano de 2008 e continua em 2009, as peripécias amorosas e drásticas dos pets e seus donos. Depois da venda desenfreada do livro Marley e Eu de John Grogan, vieram muitos outros com o mesmo propósito. Do livro para o cinema, do cinema para a TV, a mídia aproveita, usa e abusa de histórias comoventes dos que fazem o bem para os animais abandonados e agora, Reality Show para entretenimento público. Mas será que o objetivo é mesmo apenas nos entreter?

Eu vou e espero mais além do que isso. Sabemos que a reprodução canina sem controle, e a capacidade idiota dos humanos de discriminar os SRDs excluiu do habitat natural, os cachorros. Existem duas espécies: cachorro-do-mato e cachorro-doméstico. Sendo que os domésticos se dividem em “de raça” e “vira-lata”.

Portanto, além do divertimento público, é ótimo instruir as pessoas com dicas e técnicas de adestramento para que menos famílias desistam de seu animal e outras se encorajem a adotá-los. Se humanizamos esses bichos porque certas carências afetivas, hoje, foram substituídas pelo afeto que eles nos dão, ótimo, vamos então aprender a nos comunicar com eles e oferecer o nosso melhor para ter somente o melhor deles também.

Eu acredito no poder das informações e geralmente é dessa forma, maquiado de “olha que cachorro danadinho!” que mais absorvemos o real objetivo das matérias. E não como certo tempo em que era visto quase toda semana na TV, um caso de um Pit Bull violento que agrediu um transeunte na rua.

Do sensacionalismo, para a educação. Amém.

Um comentário:

Lucas Franco disse...

Vale lembrar também que o 'Se vira nos 30', de Faustão, nesse Domingo teve a participação especial de cachorros mostrando suas habilidades, claor, frutos de adestração. Talvez os cachorros sejam o melhor amigo do homem (se tratando de animal) porque é o mais fácil de se domesticar, e promove momentos de entrentenimento fantásticos. Que os criadores tenham cuidado ao cuidar de seus bichos, afinal, eles são um reflexo do comportamento de seus donos.